terça-feira, 29 de outubro de 2013

O ACESSO PALESTRINO E AS CONVERSAS COM O TIO DUÍLIO


Abner terminava o horário laboral em pleno bairro andreense da Casa Branca. Sem rumo, evitando tentações - a deliciosa pizza de mussa da Padaria Central, uma tulipa de Heineken ou gastar a esmo aquelas duas notas pintadas de Arara que insistiam em pular da carteira - dirigiu-se para a casa de Duílio, seu tio avô,  com que comparte a hereditária  paixão aflorada pelo esporte bretão. A cada festa da família Florenzi - isso há quase 3 décadas - Abner e Duílio lideram uma reverberada mesa redonda no canto da mesa, com intermináveis e acaloradas discussões sobre a rodada. Duílio é certamente o palmeirense mais fanático que Abner conhece. Abner, o segundo são-paulino mais chato que Duílio teve que aguentar durante a vida  -  perde apenas para Mauro, irmão de Duílio e avô de Abner.

Nesta última sexta-feira, a campainha da residência do tio Duílio  finalmente tocou. Neste final de tarde ensolarado, admirava-lhe o fato que ninguém até então, viera o importunar como de costume, nem mesmo o vendedor de planos funerário, tampouco o orador testemunha de Jeová. Duílio saia do banho enrolado na toalha, quando para sua alegria,  viu que era Abner quem estava na porta a sua espera. Após  seus dois infartos, o sobrinho tricolor passou a ser um dos seus grandes amigos, graças a agradáveis conversas futebolísticas  que trazem reminiscências e  boas risadas, na melhor e mais verdadeira distração,   fazendo com que esqueça por minutos - talvez horas -  o problema do miocárdio e a luta sem volta de sua eterna companheira contra o mal de Alzheimer. "Tenho ela aqui comigo fisicamente, mas ao mesmo tempo eu  já  não a tenho mais. Tem dia que ela esta longe, eu pergunto as coisas, mas ela já não sabe nem mais o meu nome. Não sabe quem eu sou. É duro demais, o que posso fazer? Assim é a vida..."

Duílio guarda no fundo de sua invejável memoria, 86 anos de gols, dribles, vitórias e derrotas de seu amado Palmeiras."O Palestra foi minha primeira paixão. Eu era como você. Gostava de ver jogo no estádio. Pegava o trem até a Barra Funda, ia a pé ate o Parque Antarctica...". Hoje, em meio a cozinha, Duílio assiste todos os jogos que pode. Acompanha a Série B torcendo por seu amado alviverde imponente,  assim como os principais jogos da serie A com a presença de seus arquivais.No entanto, prefere o futebol europeu. Assiste tudo, Champions League, campeonato alemão, italiano, inglês, espanhol... "Outro dia vi Borussia Dortmund e Arsenal. Baita jogo. Como jogam os alemães, parecem robôs. Tudo de primeira, uma correria. O Arsenal também eu gosto de ver, da Inglaterra é o que mais me agrada. O Manchester perdeu o homem lá - Alex Fergusson - e já não é o mesmo. O Liverpool e o Chelsea jogam mais duro, são times mais físicos"

Falar do Palmeiras o excita, lacrimeja os olhos  e dispara minutos intermináveis de explanações."A Série B esse ano foi uma porcaria. Cada jogo vagabundo, pontapés, essa arbitragem que não vale nada. Você viu o jogo contra o Icasa? Puta que o pariu!!Parecia luta-livre. Nos primeiro jogos, o Palmeiras estava jogando bem. Depois caiu, ficou igual aos outros. O Nosso único jogador de categoria é o Valdivia. Ele é um cabeça de mamão macho, mas quando quer ele joga bola. Vi o jogo do Chile outro dia, ele jogou muito bem. Agora aqui, quando não tá machucado, esta suspenso. Nosso goleiro  - Fernando Prass - decidiu alguns jogos, fez grandes defesas mas tenho calafrios quando ele sai do gol.A nossa zaga também não é grande coisa.".

 Para alivio de Duílio e de toda coletividade palestrina, O Palmeiras cumpriu a sua missão em 2013, prestes a subir para a Série A sem sobressaltos.Gilson Kleina teve o mérito de montar um time combativo apesar do elenco limitado. O Palestra variou do 4-3-1-2 do primeiro semestre para o 4-2-3-1 dos jogos finais, com Alan Kardec como referencia de ataque e Valdivia na armação. O meio campo é pra lá de marcador com Marcio Araújo na contenção - Charles também ajudou nessa função em muitos jogos -  liberando Wesley como patrão na saída de bola. Outro mérito de Kleina foi puxar jogadores da base como Vinicius e Luis Felipe. A posição de segundo atacante foi a mais volátil, graças a convocações inoportunas e lesões aos montes: Leandro, Mendieta, Vinicius, Ronny e Ananias passaram pelo setor durante a campanha. Na zaga problemas de contusões desfizeram a dupla Vilson e Henrique, e assim, André Luiz ganhou espaço na reta final....
 
São quase 19h. É hora de partir. O Tio Duílio precisa ajudar a servir a janta para a sua eterna companheira, que dorme cedo e tem dificuldades para comer. Abner da um forte abraço no tio, promete uma nova e mais longa visita. "Vem a hora que quiser são paulino. Agente come uma pizza e bate um papo". "Uma pergunta: Amanha tem algum jogo bom para assistir?" "Tio, tem um jogão na Alemanha. O clássico entre Schalke 04 x Borussia Dortmund as 11h30 na ESPN. Na sequência tem Barça x Real Madrid, mas não vão transmitir para o Brasil". Vai lá garoto!Bom final de semana! Amanha pelo menos vou ter uma alegria, o Palmeiras esta de volta, não é mesmo?
 
 
 
 
 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ATLÉTICO NACIONAL DE MEDELLÍN: A SENSAÇÃO COLOMBIANA QUE ELIMINOU O BAHIA E ENFRETARÁ O SÃO PAULO

O Atlético Nacional de Medellín é uma das sensações do futebol sul-americano em 2013. O time conduzido pelo competente e estudioso Juan Carlos Osorio, vem de uma sequência histórica de títulos em âmbito local - Copa e Recopa da Colômbia em 2012 e o Torneio Apertura 2013 - sempre  primando pelo toque de bola tão característico na escola cafeteira. Com a vantagem minima conquistada em Medellin, os verdolagas pisaram na Arena Fonte Nova  no seu habitual 3-1-4-2, querendo demonstrar suas qualidades também em âmbito continental. O Bahia, por outro lado, tratou de pressionar a saída de bola dos colombianos com as linhas adiantadas e seu tridente de volantes - Fahel, Helder e Fabricio Lusa. - empurrando o Nacional para dentro de seu campo. A estratégia de Cristovão Borges deu resultado imediato; logo aos 5 minutos, após saída de bola indolente, e bobeada atroz do volante Mejia, Helder entrou livre tocando na saída do goleiro argentino Armani para igualar o confronto. A partir daí, o Nacional mostrou alguns de seus atributos, saindo sempre com bola no chão, com o baixinho Cardenas organizando o time e acionando os insinuantes alas, Valencia e Medina. No entanto, os colombianos pecavam no ultimo passe, deixando transparecer um certo preciosismo da dupla de ataque formada por Jefferson Duque e Farid Diaz.
No segundo tempo, O Atletico Nacional voltou com Fernando Uribe no comando de ataque, graças a lesão de Jefferson Duke. O Bahia seguia impreciso com a bola, dando campo e protagonismo ao time colombiano , deixando explícito uma certa fadiga em função da sequência incessante de jogos. O Nacional tomou conta do meio de campo, com o volante Bernal saindo mais para o jogo, auxiliando Cardenas na articulação. O Bahia especulou em demasia, sentindo a falta de um meia de organização, já que era Souza  - com toda a sua "agilidade" -   quem atuava nessa função de ligação com o centroavante Obina.
Nos últimos minutos, o Bahia conseguiu emparelhar o jogo com as entradas de Marquinhos Gabriel e Anderson Talisca - , que entraram nos lugares de Willian Barbio e Obina. Souza foi atuar em sua posição de origem, enfim como referencia, em meio aos trio de zagueiros colombianos - Nájera, Henriquez e Murillo. Com esta formação o Bahia teve um certo respiro, emparelhando o cotejo  e conseguindo algumas chances no final do jogo, graças a rapidez da dupla Talisca e Marquinhos. No entanto,  a igualdade no confronto deu justiça ao que foram os dois jogos. Nos pênaltis, Souza e Fabricio Lusa desperdiçaram suas cobranças, classificando o Nacional de Medellin para alegria da fanática torcida Verdolaga. Os colombianos, que em Salvador não demonstraram todo o seu potencial,   deverão fazer uma série bastante emocionante contra o São Paulo nas quartas de final; um time que joga e deixa jogar.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

REAL MADRID X JUVENTUS

Juventus e Real Madrid seguem buscando o rumo nesta temporada. A Juve vê ameaçada a sua hegemonia local com a queda de rendimento de seus principais jogadores  e o salto de qualidade de Roma e Napoli. Nesta quarta no Santiago Bernabeu, Antonio Conte decidiu desfazer o esquema 3-5-2 utilizado com êxito nas ultimas temporadas. Uma resposta ao péssimo retrospecto defensivo da Vecchia Signora neste inicio de temporada. Ontem, a linha de 4 defensiva foi formada pelo uruguaio Caceres, como lateral direito para marcar Cristiano Ronaldo; Barzagli e Chiellini no miolo de zaga e Ogbonna na esquerda combatendo Di Maria. Eis que aos 5 minutos, Di Maria fez grande jogada, cortando em diagonal - batendo a marcação de Ogbonna e Pirlo -  encontrando Cristiano Ronaldo no vazio para definir diante Buffon. O Real Madrid saia na frente, mandava no meio campo graças ao esquema cauteloso de Ancelloti. O treinador italiano  armou os merengues no 4-3-3 com Illarramendi a frente da zaga, Khedira e Modric fechando o tridente de volantes -  duelando contra Pogba e Vidal. A Partir dos 10 minutos, a Juventus emparelhou o jogo, marcando a saída de bola madridista com Tevez as costas de Arbeloa e Marchisio combatendo os avanços de Marcelo. O gol de empate saiu em uma arrancada de Caceres pelo lado direito, que subiu sem o acompanhamento de Cristiano Ronaldo - que muitas vezes saia em diagonal como segundo atacante abrindo o corredor; Casillas, Pepe e Arbeloa  falharam e Llorente desencantou.
A Juventus seguiu melhor até o discutível pênalti marcado a favor do Real Madrid. Chiellini ainda seria expulso de forma exagerada, determinando o rumo da partida. Conte sacrificou Llorente e Pirlo para as entradas de Bonucci, na zaga e Asamoah como extremo esquerdo. A Juve perdeu o protagonismo, cedendo campo e bola para o Real Madrid. A Juventus ficou o segundo tempo inteiro com duas linhas de 4, com Tevez isolado na frente esperando um contra-ataque.
Ancelotti demorou para mexer no Real Madrid.Apenas na segunda metade da etapa final promoveu o ingresso da dupla Bale e Isco. Os merengues seguiam no 4-3-3, agora com Khedira a frente da zaga; Modric e Isco como armadores -  sob a custodia de Pogba e Vidal. Na frente o tridente:Bale a direita, Di Maria na esquerda e Cristiano Ronaldo como referência.  Conti ainda tentou a ultima cartada com a entrada de Giovinco pelo lado esquerdo, deslocando Asamoah para a lateral. No entanto, o time italiano não encontrou forças para buscar o empate. A Juventus viu sua situação se complicar  neste grupo B, já que o Galatasaray venceu  sem sobressaltos o Copenhagen, chegando aos 4 pontos. Vale lembrar que no returno a provável decisão pela segunda vaga acontece em Istambul. O Real Madrid, apesar da vitória e da posição confortável no grupo, busca sua melhor versão, principalmente na criação do meio de campo. LA DECIMA ainda é um sonho distante. Por ora, o Real Madrid segue dependendo da dupla Di Maria e Cristiano Ronaldo.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

SANGUE, SUOR E LÁGRIMA, A VOLTA DO CLÁSSICO ROSARINO

Rosário de Che Guevara, Rosário de Lionel Messi. Rosário de Marcelo Bielsa,  Litto Nebbia e   Fito Paez.  Ilustres rosarinos que orgulham esta idílica capital da província de Santa Fé. Mais do que tantas personalidades, Rosário ostenta a sorte - , ou o azar -   de sediar uma das mais ferozes rivalidades do planeta bola. Newell's Old Boys e Rosario Central dividem a cidade, fazendo de cada rosarino um Montecchio, um Capuleto de nossos tempos , derramando sangue, suor e lágrimas pelas margens do rio Paraná. São mais de 100 anos repletos de gols, mortes,  e mitos. A mais famosa lenda deu origem a alcunha das duas torcidas. Em 1920, o Newell's Old Boys teve a  ideia de realizar um  amistoso beneficente para arrecadar fundos para a ala especializada em lepra do hospital Carrasco. O Rosario Central não compareceu, e assim,  seus torcedores ficaram com a fama de Canallas,  que em troco, diziam que os rivais eram os amigos dos "leprosos". Dramatismo insólito, uma marca  deste embate, que neste último domingo voltava a acontecer após 3 anos de hiato. O Rosario Central tocou o inferno em 2010, graças a uma grave crise institucional que deixou o clube de Arroyito a beira da falência e longe da elite do futebol argentino. Sua fanática torcida teve que amargar dois anos da Nacional B - a segunda divisão argentina - ao passo que seu eterno rival armava um grande time, com o retorno de jogadores do calibre de Maxi Rodriguez e Gabriel Heinze, potencializado por jovens figuras reveladas por sua inesgotável categoria de base. Sob o comando de Tata Martino, o Newell's Old Boys conquistou o Torneio Inicial 2013 jogando um futebol vistoso que o deixou também a poucos minutos  minutos de uma nova final de Libertadores -  eliminado na semifinal pelo Atlético Mineiro de forma dramática. Depois de tantas gozações, os canallas finalmente puderam ver  o seu amado Rosario Central vencendo a B Nacional, retornando a elite do futebol argentino em grande estilo, sob a batuta do treinador Miguel Angel Russo. No entanto, era o Newell's quem pisava no estádio Gigante de Arroyito como favorito, líder e cheio de moral. No último treino, na quinta feira, 30 mil leprosos foram ao Colosso del Parque apoiar os jogadores e pedir por uma vitória contra o Rosario Central, em uma nova versão do Banderazo Leproso;  evento  que se converteu em um tradição do clube antes de cada clássico,  numa linda comunhão entre torcida e jogadores, poucas vezes vista no mundo do futebol. Por essas e outras, o clássico rosarino é vivido de uma forma que extrapola o campo e bola, eternizado nos versos do saudoso poeta Roberto Fontanarrosa. Canalla fanático, El negro Fontanarrosa  soube como ninguém, demostrar com sua pluma afiada o significado de um clássico rosarino."Venham, atrevam-se a viver o mitológico que é estar em pleno Gigante de Arroyito, reduto de Los canallas. Lá poderão  ver como los cagamos a goles y les rompemos el culo".Com este clima, os jogadores entraram em campo sob uma chuva de papeis picados, proporcionada por 42.000 almas enlouquecidas . Após 5 minutos de atraso, o embate começava a puro nervosismo. Muita imprecisão, chutões e pontapés. Os dois times no 4-3-3, com o conjunto local esperando o Newell's a 3/4 do campo, marcando a saída de bola e evitando que a bola chegasse a Pablo Perez, o condutor leproso - marcado implacavelmente por Nery Dominguez. Eis que aos 12 minutos, em uma falta da entrada da área, o Rosario Central encontrou o seu primeiro gol, graças ao zagueiro Alejandro Donatti, que cabeçou livre  sob a complacência da dupla de zaga -  formada do Victor Lopez e Gabriel Heinze. O Newell's respondeu rápido e em grande estilo, com seu tridente ofensivo - Figueroa, Maxi Rodriguez e Muñoz, mostrando os atributos que fazem do conjunto leproso o melhor time argentino na atualidade. Figueroa saiu da área, metendo um passe cirúrgico entre Ferrari e Pepino; Maxi Rodriguez, com toda a sua categoria, dominou com estilo,  definindo com maestria diante a saída desesperada de Caranta, a bola ainda beijou a trave, ficando dramaticamente servida para o empate leproso. O veterano jogador da seleção argentina, deixou transparecer todo o seu lado torcedor, beijando apaixonadamente o escudo rojinegro e provocando os torcedores locais com as mãos sob as orelhas, como pedindo: "Cantem agora canallas". O Newell's seguiu melhor após o gol, sempre com as subidas do lateral-esquerdo, Milton Casco, que partia para o ataque sem o acompanhamento do jovem Medina. Pablo Perez e Muñoz, perderiam chances insólitas diante do goleiro Caranta, dando argumentos para os supersticiosos . Os jogadores do Central, apesar do domínio leproso, seguiam disputando cada lance como se fosse o último, pressionando a saída de bola com seu trio de atacantes - Luna, Carrizo e Medina - além da dupla de meias formada por Encina e Lagos. Assim, o conjunto canalla encontraria o segundo gol. O goleiro Guzman, demonstrando toda sua imperícia na  reposição, entregou a redonda nos pés de Medina, que astutamente,  acionou Luna; o centroavante deu um peixinho, como no recordado gol de Aldo Pedro Poy - no mais historico clássico rosarino que  levou o Central para a final do Campeonato argentino de 1971 - deixando Hernan Encina, o homem de mil batalhas, livre para decretar a vitória. Festa em Arroyito, um gol esperado por quase 4 anos. Um grito do fundo da alma. O Newell's teve todo o  segundo tempo para buscar o empate. Teve domínio, posse de bola, um gol que a trave negou. No final, nem mesmo a entrada de David Trezeguet mudou o destino do clássico. O apito final desatou a loucura. Miguel Angel Russo, olhava atônito, sem dizer sequer uma palavra diante dos inoportunos microfones a beira do gramado. Uma lágrima que dizia tudo e muito mais. Uma catarse de alegria e alivio, de dever cumprido. Agora o Newell's pode ganhar o bendito bicampeonato nacional. Para o torcedor do Rosario Central, depois de tanto sofrer, nada mais importa. O titulo de campeão da cidade é canalla

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O TRICOLOR SAI DO ATOLEIRO NO 3-5-2 DE MURICY

Após a vergonhosa derrota contra o Santos, Muricy percebeu que era preciso manter o esquema com 3 zagueiros até o final do campeonato. Novamente no 3-5-2, o São Paulo encontrou o caminho das vitorias, levando 10 dos 12  últimos pontos disputados . Rodrigo Caio como líbero é o estandarte desse novo sistema. Sempre com formações diferentes,  o polivalente prata da casa vem liderando a defesa com personalidade e boa leitura de jogo. Ontem a zaga foi formada por Toloi a direita marcando Tiago Real, e Edson Silva na sobra a espera de Maikon Leite. Muricy ainda teve que improvisar Wellington como ala pela direita com a ausência de Douglas. Outro ponto favorável no novo sistema é a notável melhora na troca de passes.Maicon vem sendo um dos destaques nos últimos jogos, elevando a porcentagem de posse de bola por sua qualidade na saída de jogo. E o que dizer de Ganso? partida excelente do maestro tricolor, que aos poucos vem mostrando todo o seu repertorio, sendo a peça chave para a eminente fuga do descenso. O Timbu foi a campo também no 3-5-2 com Martinez marcando Ganso, enquanto Elicarlos cuidava de Maicon. O São Paulo alugou o meio campo no primeiro tempo e o placar de 1 a 0 acabou ficando barato.
No segundo tempo, Marcelo Martellote apostou pela entrada de Jonas Carioca pelo flanco esquerdo do ataque, com Maikon Leite ficando a direita e Tiago Real na armação. Com a vitória encaminhada, Muricy  poupou Denílson para a entrada de Fabricio na contenção, ao passo que no ataque também deu minutos a Welliton. O São Paulo seguiu dominando a peleja, sempre com Ganso como protagonista -  apesar da troca de marcador; Elicarlos inverteu de lado com Martinez para tentar parar o maestro, contudo a mudança não teve efeito. O São Paulo, aos poucos, parece encontrar um rumo, uma luz no fim do túnel, sempre no bom e velho 3-5-2, com mais proteção a zaga e movimentação da dupla de atacantes formada por Ademilson e Aloisio.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CAFÉ, CAFÉ: O DESELANCE DAS ELIMINATÓRIAS SUL-AMERICANAS

Café, café...o fim de tarde da última sexta-feira, chegou com todo o seu esplendor a espera do desenlace das eliminatórias sul-americanas. Corações apertados em cada rincão do continente, esperavam por duas verdadeiras finais, marcadas paras as 18h. Em Quito, o Equador recebia o Uruguai, ambos chegavam para o cotejo com a mesma pontuação, definindo em pleno estádio Atahualpa, quem ficaria com a quarta e última vaga direta para a Copa Do Mundo. Os canais esportivos tupiniquins, outra vez mais, desdenhavam desses verdadeiros partidaços, e assim, tivemos que apelar para o bom e velho streaming, que nos cedia o sinal da TV Caracol da Colômbia. Era de arrepiar o clima vivido em Barranquilla. Parecia final de Copa do mundo. Chile e Colômbia, que durante este returno nos brindaram grandes exibições,  duelavam para carimbar o passaporte direto rumo ao Brasil. La Roja, agora dirigida por Jorge Sampaoli, começou o jogo a todo vapor, com a intensidade que caracteriza esta geração desde o ciclo Bielsa. Postado no 3-4-1-2 - o mesmo usado por Jorge Sampaoli no comando da Universidad de Chile tricampeã nacional e campeã da Copa Sulamericana de 2011- o Chile assumiu o protagonismo do jogo, atuando dentro do campo colombiano, com o tridente Valdivia/Alexis/Eduardo Vargas vencendo os duelos individuais contra Carlos Sanchez/Mario Yepes/ Luis Amaranto Perea. Os mapuches souberam explorar a superioridade numérica no meio-campo, controlando o jogo com personalidade e astucia,.A Colômbia foi a campo no  4-1-3-2 com Cuadrado aberto pela direita, Abel Aguilar como segundo volante e James Rodriguez livre, flutuando da esquerda para o centro, como ponta de lança. O gol chileno era uma questão de tempo. Eis que, o zagueiro Perea entregou a bola nos pés de Valdivia, foi então que o maestro palestrino apertou o triangulo de seus joystick para deixar Eduardo Vargas na cara do gol. Ospina cometeu pênalti que Arturo Vidal não desperdiçou. O que vimos a seguir foi uma avalanche roja. Com um Alexis Sanchez imparável, deixando o veterano zagueiro Yepes desconjuntado. Em 30 minutos, o placar de Barranquilla apontava 3 a 0 em favor dos chilenos. Em Quito, Jefferson Montero anotava o gol do Equador contra o Uruguai. Alivio geral em terras cafeteras.O resultado praticamente colocavam Chile e  Colômbia no próximo mundial. Era a consagração desse curto, porém eficaz trabalho do argentino Sampaoli sob o comando do Chile. O time com seu compatriota Claudio Borghi não funcionava. A Roja entrava no returno em sexto lugar com apenas 12 pontos. Sampaoli, fã confesso de Bielsa, voltou a escalar o Chile no ultra-ofensivo 3-4-1-2 com Valdivia  como armador, municiando a dupla de ataque formada por Alexis Sanchez e Eduardo Vargas. Isla e Mena são os alas da equipe, ao passo que Arturo Vidal e Marcelo Diaz - que lesionado não disputou o duelo dessa sexta -  fazem uma dupla de volantes modernos, com ótima chegava ao ataque e qualidade no passe. O trio de zagueiros é composto por Marco Gonzalez como líbero; Gary Medel e Gonzalo Jara como stoppers.
No segundo tempo, o calor e umidade de Barranquilla se fizeram notar. Os chilenos, tão vertiginosos e intensos no primeiro tempo, davam mostra do cansaço. Jose Pekerman colocou  Guarin e  Macnelly Torres, nos lugares de Abel Aguilar e Medina. Cuadrado foi atuar como lateral-direito, enquanto no meio-campo Carlos Sanchez seguia como carrapato de Valdivia. A Colômbia sufocou o Chile durante os 10 minutos iniciais, no entanto, Teo Gutierrez e Falcao Garcia seguiam em uma noite pouco feliz, perdendo gols fáceis na pequena área. Tudo caminhava para uma vitória tranquila do Chile, até que Carmona fez  falta tola na entrada da área, vendo o segundo amarelo e esquentando de vez o cotejo. Na cobrança, após bate e rebate na pequena área, Teo Gutierrez descontou para a Colômbia.
Jorge Sampaoli reorganizou o meio-campo com a entrada de Francisco Silva e Bousejour, nos lugares de Valdivia e Eduardo Vargas. Era a hora de ousar,  Pekerman não hesitou em sacar o volante Sanchez para a entrada do atacante Bacca. Foi então que apareceu a figura do glorioso Paulo Cesar de Oliveira, que vestiu o traje de protagonista ao assinalar um pênalti à brasileira em favor dos anfitriões. Radamel Falcao Garcia não desperdiçou: 3x2. A seleção cafetera precisava de apenas mais um gol para carimbar o passaporte. Era a consagração de uma campanha segura, com poucos sobressaltos. Radamel Falcao, Teo Gutierrez e James Rodriguez foram os símbolos dessa geração talentosa que trazia de volta a Colômbia ao topo do futebol mundial após 16 anos. No final do jogo, outro pênalti em James Rodriguez. Radamel assinalava a igualdade, desatando a loucura em Barranquilla. O Chile lamenta o insólito final , mastigando bronca e impotência.Contudo, Chile e Equador estão quase dentro. As duas equipes se enfrentam nesta terça em Santiago,  e com um empate se classificam diretamente ao mundial sem depender do resultado em Montevideo, ao passo que o Uruguai depende de um milagre contra a Argentina no estádio Centenário para evitar sua quarta repescagem consecutiva.

 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

REMINISCÊNCIAS DO SUPERCLÁSSICO ARGENTINO

O domingo nos reservava uma nova versão do Superclássico argentino. Apesar da falta do bom e velho toco y me voy - em franca decadência na era Fútbol Para Todos -   um River x Boca sempre nos traz reminiscências dessa rivalidade atroz, que mexe com o nosso imaginário adolescente. Todo futeboleiro de alma tem um Boca x River inesquecível. O Superclássico argentino se tornou um símbolo da chegada da tv a cabo. Para o nosso deleite, em meados dos anos 90, a Espn Brasil decidiu transmitir o Campeonato Argentino. Sempre aos domingos, o jogo principal da rodada era transmitido, ora ao vivo, ora em vt, sempre com os comentários sagazes do mestre Roberto Petri. Antes, víamos Boca x River somente em singelos compactos, ou as vezes nem isso. O primeiro jogo completo que nos vem a mente  valia pela décima primeira rodada do Torneio Apertura de 1999.

O Boca de Carlos Bianchi buscava o tricampeonato nacional, já com o time base que faria historia dali a um ano, vencendo a Libertadores em pleno Morumbi contra o Palmeiras, além do título mundial de 2000, batendo o Real Madrid com uma exibição de gala da dupla Riquelme e Palermo. O River, comandado por Ramon Diaz, não ficava atrás, encantando os amantes do bom futebol com jogadores revelados aos montes pela inesgotável categoria de base do clube de Nuñez. Por essas e outras, aquele seria um partidaço, com todos os condimentos característicos de um River x Boca; a começar pela festa na arquibancada com aquela chuva de papeis picados, sinalizadores abundantes e um grito enlouquecido de um Monumental de Nuñez repleto de paixão. Pablo Aimar, que em 97 havia conduzido -  junto a Riquelme -  a Argentina a mais um titulo da categoria sub 20, abriu o marcador com um golaço antológico, encobrindo Oscar Córdoba, que nada pode fazer diante de semelhante talento. No segundo tempo, após arrancada de Saviola, o centroavante colombiano, Juan Pablo Angel, definiu a vitória millonaria com outro golaço de fora da área. O River seria campeão daquele Apertura 1999, ratificando uma rivalidade entre Bianchi e Ramon Diaz, que marcaria o final da década de 90 e o começo da década seguinte.

Neste domingo, 14 anos depois, Ramon Diaz e Carlos Bianchi voltavam a se enfrentar. As escassas estrelas dentro de campo e a distancia considerável de ambos em relação ao líder Newell's Old Boys, davam ainda mais destaque ao duelo entre os professores. Contudo, um River x Boca é um campeonato a parte. Não importa o passado, não importa o presente, não importa a posição na tabela. O River recebia o Boca no Monumental com todo seu ímpeto. Triste foi perceber que a chatice que domina o nosso futebol, chegou também ao país vizinho, já que a torcida xeneise foi proibida pela policia portenha de ir ao Monumental, graças a falta de competência do estado em acabar com a eterna e sangrenta guerra interna pelo domínio de La 12 - a temida barrabrava do Boca Juniors. O jogo começou a todo vapor, com os dois times postados no 4-1-3-2. O River começou melhor. Foram 15 minutos de amplio domínio, com Lanzini armando o time com maestria. O Boca esperava em contra-ataques, no velho estilo copeiro de seu treinador. Riquelme seguia controlado por seu amigo Ledesma,  ao passo que  Fernando Gago, seu sócio no meio campo, seguia desconectado do jogo sob a guarda implacável de Ariel Rojas.

Apesar do controle do jogo, o River não conseguia penetrar na improvisada linha defensiva do Boca, formada por Jesus Mendez, Cata Diaz, Chique Perez e Nahuel Zarate. Eis que, na única jogada articulada de pé em pé em todo o jogo, o Boca encontraria o seu gol. Riquelme, que atuara no sacrifício em função do que representa vencer o eterno rival, foi arquitetando a jogada com maestria, abrindo a jogada para a ponta direita com sua perna menos hábil; Juan Manuel Martinez, com toda a sua habilidade, cortou a marcação de Vangioni, encontrando o bico da chuteira de Gigliotti em meio a marcação de Jonathan Maidana. Silêncio em Nuñez. Com a vantagem no placar, o Boca se fechou ainda mais. O River criava pouco, a única fonte criativa vinha dos pés de Teófilo Gutierrez, que atuava fora de sua posição habitual, cada vez mais longe do gol no novo esquema de Ramon Diaz.

Para o segundo tempo, o River voltou ainda com mais ímpeto, sempre explorando o setor direito, com Carbonero custodiado por Zarate, enquanto Sanchez Miño evitava a subida de Ponzio - que entrara no intervalo improvisado como lateral direito. Carlos Bianchi decidiu apostar ainda mais na retranca, fechando o meio-campo com a entrada de Escalante no lugar de Riquelme. O jovem volante ficou na posição de volante pela direita, enquanto Gago foi adiantado para tentar articular o time em busca de um contra-ataque puxado  por Juan Manuel Martinez ou Sanchez Miño. Ramon Diaz tambem mexeu no River. Foram trocas de nomes, mas não de esquema e postura tática. Saíram Ariel Rojas e Andrada, para as entradas de Ferreyra e Mora. Bianchi cozinhou o River, que não conseguia furar a retranca boquense, apelando para ligações diretas e cruzamentos fortuitos que consagravam a dupla de zaga formada por Cata Diaz e Chique Perez. No final, no abafa,  Teófilo Gutierrez quase empatou o jogo, em uma cabeçada a queima roupa, defendida por Orion aos 48 do segundo tempo. Como se tivesse ganho um titulo, os jogadores do Boca pulavam no centro do campo, como verdadeiros torcedores, entonando os cânticos contra o River, em uma cena emocionante que simboliza essa rivalidade superclássica. As imagens dizem tudo, isto é River x Boca: "Las gallinas son asi. Son las amargas de la Argentina. Cuando no salen campeón, esas tribunas estan vacias ..."



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

COMO DUVIDAR DO BAYERN DE GUARDIOLA?

As duvidas sobre a possibilidade de Guardiola deixar ainda melhor aquele time campeão da Europa - O Bayern que levou tudo na ultima temporada com Jupp Heynckes - começaram a cair por terra ontem em Manchester. Foi um primeiro tempo de gala  contra o melhor e mais vasto elenco da Inglaterra, potencializado pela superioridade numérica de um meio-campo altamente técnico e dinâmico. Guardiola armou os bávaros no 4-1-4-1, com Lahm como primeiro volante; Kroos e Schweinsteiger combatendo os volantes do Manchester City - Yaya Toure e Fernandinho. A ideia era clara: pressionar a saída de bola dos ingleses, explorando as jogadas pelos extremos com Ribery e Robben. O gol de Ribery, logo aos 5 minutos, em falha clamorosa de Hart, deixou a estratégia ainda mais tranquila de ser executada. A posse de bola, outra marca  de Guardiola, chegou aos 70 %, sempre com Lahm como arquiteto, distribuindo o jogo com critério para as subidas dos laterais/ ala -  Alaba e Rafinha . O City estava perdido em campo. No 4-4-1-1 de Manuel Pellegrini, Agüero seguia inoperante sob as costas de Lahm, enquanto Dzeko vivia o seu  dia de Robinson Crusoé, controlado por  Boateng e Dante com enorme facilidade.  No segundo tempo, o Bayern perdeu intensidade e um pouco do domínio territorial. Eis que, Justo em seu  momento menos cômodo do jogo, o Bayern acabaria resolvendo a peleja graças a ligações diretas ao ataque, somados aos inúmeros erros individuais da defesa do City. No segundo gol, Clichy dormiu no ponto, fazendo uma linha de impedimento, outrora chamada de burra,  que possibilitou Thomas Müller - o glorioso falso 9 de Guardiola -  driblar Hart e aumentar a vantagem. No terceiro,  Kroos tomou a bola ainda no campo do City, batendo a carteira de Fernandinho e servindo Robben,,  que ao seu estilo, fechou o caixão dos citizens.
O City voltou para o jogo com as mudanças de Pellegrini, principalmente pela entrada do maestro David Silva. O espanhol revolucionou os últimos 15 minutos do jogo de forma eletrizante. Mudanças também na na ponta-esquerda e no comando do ataque: saíram Dzeko e Nasri, para as entradas de Negredo e Milner. Logo na primeira jogada com a nova formação -  agora no 4-2-3-1 -  David Silva serviu Negredo, que girou em cima de Boateng para anotar um golaço. Guardiola decidiu fechar o time, colocando o volante Kirchhoff como primeiro volante e liberando Lahm para a meia-direita. Shaqiri e Mario Götze também deram sangue novo, entrando nos lugares dos ponteiros Ribery e Robben. O City foi pra cima, e em outra boa jogada de David Silva, Boateng foi obrigado a fazer falta na entrada da área ocasionando sua expulsão. Na cobrança, a bola caprichosamente beijou a trave defendida por Neuer. Guardiola redesenhou a defesa com Kirchhoff fazendo a dupla de zaga com Dante, ao passo que Lahm voltava a posição de primeiro volante. O fato é que a vitória estava garantida, sempre com o selo de seu treinador: posse de bola, compactação, pressão no campo rival e o velho tiki taka. agora fica a questão: como duvidar do Bayern de Guardiola??