terça-feira, 22 de julho de 2014

Nacional(PAR) 2 x 0 Defensor - O Nacional Querido acaricia a final da Libertadores

Com um Defensores del Chaco repleto,  Nacional e Defensor começaram a decidir a semifinal mais underground de Libertadores dos últimos anos. Agraciando aos muitos torcedores de Olímpia e Cerro Porteño que apoiavam o tradicional clube do bairro Obrero de Assunção, a partida foi intensa e cheia de alternativas. O Nacional soube se impor ao quadro uruguaio, abrindo uma ampla vantagem no confronto de ida.
 
Postado pelo treinador Gustavo Morinigo no tradicional 4-4-2 britânico, o conjunto paraguaio começou o jogo dentro do campo do rival, explorando a velocidade de seus meias extremos. Tudo acontecia pela esquerda, onde Julián Benitez atuava as costas do jovem lateral Enrique Etcheverry de apenas 18 anos.
 
A estratégia do Defensor era esperar com suas duas linhas de 4, chamando o quadro local em seu campo para abrir espaços no contra-ataque. Fernando Curutchet escalou o conjunto violeta no 4-4-1-1, com De Arrascaeta muito apagado na função de enlace, deixando o centroavante Matias Alonso isolado entre os zagueiros guaranis. Os uruguaios abusavam da ligação direta e dos erros de passes.
 
Com a intensidade característica dos times paraguaios, o Nacional passou a pressionar na segunda metade do primeiro tempo. A dupla de volantes, Riveros e Torales, subia bastante ao ataque, arriscando chutes de media distancia. O gol era uma questão de tempo, e foi ali, pela esquerda, que Julian Benitez encontrou Brian Montenegro - recém contratado junto ao Libertad - para abrir o placar com um lindo tiro a queima roupa: 1 a 0 Nacional querido.
 
O Defensor seguia impreciso, desarticulado, com o prodígio Giorgian De Arrascaeta irreconhecível. Os únicos lapsos do Defensor vinham através de Felipe Gedoz pelo flanco esquerdo.  No último lance da primeira etapa, o garoto de Muçum quase empatou o jogo em uma bela cobrança de falta que beijou a trave de Nacho Dom.
 
No segundo tempo, Fernando Curutchet adiantou as linhas do Defensor, abrindo a defesa e se expondo para os contra-ataques puxados pelo trio Derlis Orué, Melgarejo e Julian Benitez. Não fossem as intervenções do goleiro Campaña, o Nacional teria ampliando logo nos primeiros 10 minutos.
 
Eis que,  Curutchet decidiu apostar na experiência de Nico Oliveira, o artilheiro do reggae, que diferentemente dos confrontos frente ao The Strongest e Nacional de Medellin, pouco aportou ao ataque violeta. O segundo gol paraguaio já madurava, e após erro crasso na cobertura de um escanteio, Derlis Orué acertou um lindo chute para definir o placar. Curutchet ainda apelou para o jogo aéreo com o ingresso do grandalhão Joaquim Boghossiam.
 
 
O Nacional se fechou nos minutos finais com o ingresso do zagueiro Fabian Balbuena que formou uma linha de 3 defensores ao lado de Caceres e Piris, assegurando uma vitória segura, maiúscula que encaminha o Nacional Querido a uma final inédita. Para o Defensor vale lembrar que nas oitavas de final foi derrotado em La Paz pelo mesmo placar no jogo de ida. Em Montevideo, conseguiu remontar a série vencendo o The Strongest por 2 a 0 e levando a vaga nos pênaltis.
 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

A CRONOLOGIA TÁTICA DA ARGENTINA: ES EL EQUIPO DE SABELLA!

A Argentina está na final e deve muito a seu treinador. Diferente de Scolari, Alejandro Sabella nunca se conformou com o irregular rendimento de seus comandados. Com as lesões e o pouco funcional 4-3-1-2 -  esquema fetiche durante as eliminatórias - Sabella  foi encontrando o equilíbrio passo a passo, sempre com variação tática e leitura correta dos rivais. Contra a Bósnia, Pachorra surpreendeu a todos com um 3-5-2 pouco usual em seu ciclo. Campagnaro e Garay como stoppers e Federico Fernandez como líbero, constituíam o tripé defensivo. O esquema não funcionou. Com um meio campo despovoado, a seleção albiceleste teve pouca posse de bola, abusando da ligação direta com Mascherano. No segundo tempo, Sabella desfez o erro estratégico, posicionando a Argentina no 4-3-1-2 com os ingressos de Gago e Higuaín. O volante do Boca Juniors trouxe mais cadência ao time, ao passo que Messi, mais próximo do gol adversário e com Higuaín como sócio, anotou um gol ao seu estilo para fechar a primeira vitória.

Para o duelo frente aos iranianos, Sabella decidiu manter o esquema padrão com Messi como enlace para municiar Higuaín e Agüero. Eis que, o ferrolho iraniano de Carlos Queiroz e a pouca mobilidade do ataque fez com que a Argentina não encontrasse o caminho em Belo Horizonte. Outra vez, a seleção albiceleste deixava uma pobre imagem, apesar da genialidade de Messi que garantiu a vitória com um golaço agônico. Contra a Nigéria, o 4-3-1-2 seguiu em voga. Porém, os graves defeitos defensivos ligaram o sinal de alerta para Sabella. Era preciso mudar algumas peças e criar alternativas para dar mais solidez a um time excessivamente ofensivo. A lesão de Kun Agüero foi um convite para Sabella  posicionar uma nova seleção argentina.

3 vitórias, muito questionamentos por parte da impressa e alguns pontos de interrogação marcavam a trajetória na primeira fase. Com este cenário chegava a Argentina para encarar a Suíça pelas oitavas. Com a lesão de  Kun Agüero e a suspensão de Marcos Rojo, Sabella decidiu armar um 4-2-3-1 inédito. José Basanta, de maior pode defensivo foi escalado na lateral esquerda. No meio de campo, Biglia ganhou o lugar de Gago, formando ao lado de Mascherano, uma dupla de volantes de muito coração para recuperar a posse de bola. Na linha de armadores, Di Maria foi para a ponta direita, com Lavezzi pelo lado oposto. Messi, ficava centralizado, com Higuaín isolado no comando do ataque. Jogo duríssimo, nervoso, definido na prorrogação com uma roubada de bola de Palácio em campo rival e uma nova genialidade de Messi para servir Di Maria. O posicionamento do meia do Real Madrid, invertido por Sabella, acabou sendo decisivo.
Contra a Bélgica, com muita coragem e convicção, Sabella decidiu novamente mudar o esquema. Pachorra postava a Argentina no 4-4-1-1 como nos seus tempos de Estudiantes. A estratégia era dar a bola para os belgas e explorar os contra-ataques pelos flancos com Lavezzi e Di Maria. O gol de Higuaín ajudou a fomentar essa ideia. Com a lesão de Di Maria, Enzo Perez assumiu o posto pelo lado esquerdo da segunda linha argentina. Com personalidade e muito sacrifico, o ex- Estudiantes soube suprir a ausência de Di Maria. Na zaga, Sabella decidiu colocar Martin Demichelis no lugar do inseguro Federico Fernandez. O zagueiro campeão inglês com o Manchester City se ajustou perfeitamente, formando uma dupla de zaga segura ao lado de Ezequiel Garay. No final do jogo um pouco de sofrimento, graças ao recuo em demasia do selecionado argentino. Por fim, após 24 anos, a Argentina voltava merecidamente a uma semifinal de Mundial.

Na semifinal contra os holandeses, Sabella manteve o 4-4-1-1 com Enzo Perez e Lavezzi pelos lados, rivalizando contra os alas laranjas, Dirk Kuyt e Daley Blind. Messi à frente da segunda linha argentina se aproximava de Higuaín, custodiando a principio por De Jong, e posteriormente pelo implacável Classie. No entanto, o destaque argentino em São Paulo esteve no sistema defensivo. Mascherano e Biglia fizeram uma partida sensacional, anulando Sneijder e Wiljnaudum. Rojo, de grande mundial, novamente fez uma partida segura, marcando bem os avanços de Robben. Garay e Demichelis demonstraram outra vez o acerto de Sabella, que bancou a dupla de zaga com muita coragem. Van Persie foi figura nula, graças ao rendimento 5 estrelas dos zagueiros argentinos. Nos pênaltis apareceu a figura de Chiquito Romero. De questionado a herói, o ex-arqueiro do Racing faz um grande mundial, aportando segurança ao time.
Para a final, cogita-se a volta de Di Maria. A priori Enzo Perez deve seguir no time. O meia provou que pode muito bem jogar essa final na marcação de Lahm, em um duelo onde a Argentina sabe que será difícil ter o domínio do meio de campo. Sabella deve manter o esquema 4-4-1-1. Messi terá um duelo chave contra Schweinsteiger. Biglia e Mascherano terão que fazer uma partida perfeita para frear Khedira e Krosso, ao passo que Rojo e Zabaleta ficam com a dura missão de custodiar Özil e Thomas Müller. O ponto a ser explorado pela a Argentina é pela débil marcação germânica pelos lados do campo, principalmente pensando num suposto lampejo de Lavezzi sob a marcação de Howedes. Se o tri vier, Sabella será consagrado por ter a coragem e a convicção de mudar nomes, esquemas e estratégia durante a Copa do Mundo. Por essas e outras a torcida argentina já ensaia o hit: "de la mano de Sabella todos la vuelta vamos a dar"

terça-feira, 8 de julho de 2014

CRONOLOGIA TÁTICA DA ALEMANHA NA COPA DO MUNDO

Neste mundial, estamos presenciando uma nova Alemanha. Talvez, a única seleção entre as sobreviventes que prima pela posse de bola, para delírio das viúvas do Tiki Taka. Joachim Löw resolveu mudar o esquema tático para esta Copa do Mundo. O selecionador alemão - que desde que assumiu a Nationalelf em 2006 - sempre utilizou a linha de ônibus 4-2-3-1. Eis que, com o Bayern de Munique de Pep Guardiola como modelo, Low resolveu mudar de sistema de cara ao mundial. Foi assim, que vimos a Alemanha moer Portugal na estreia, postada no 4-1-4-1/4-3-3. A ideia era ter Lahm como regista, organizando o time como primeiro volante para suprir a ausência de Bastian Schweinsteiger nas duas rodadas iniciais. Com isso, Boateng, novamente seria improvisado para custodiar Cristiano Ronaldo.
Outro detalhe polêmico do novo sistema foi o posicionamento de Mesut Özil, que passou a atuar pelos lados do campo. O meia do Arsenal, claramente no sacrifício, teve seu rendimento prejudicado desde então. Contra Gana, veio a tona os problemas defensivos da Alemanha. Um notório efeito colateral do novo sistema. Com Hummels e Mertesacker, o lento miolo de zaga ficou exposto à velocidade africana. Além do mais, Howedes e Boateng, zagueiros de origem, contribuíam pouco nas ações ofensivas.
No último jogo da primeira fase contra os Estados Unidos, Low pôde contar com o retorno de Schweinsteiger, que formou ao lado de Kross a dupla de meias; Lucas Podolski também ganhou a posição de Götze pelo flanco esquerdo do ataque. Novamente, Thomas Müller foi o herói alemão com seu faro goleador. Apesar das criticas, Lahm seguia como primeiro volante.


Contra a Argélia, vimos a Alemanha sofrer em demasia com os contra-ataques. Com as linhas adiantadas, Mertesacker e Boateng - agora como zagueiro - ficavam expostos no mano a mano contra Slimani. Pelas laterais, duas avenidas deixadas pelo garoto Mustafi na direita, e o frágil Howedes pelo lado oposto. No meio campo, o bom e velho toque de bola propagado pelo tridentre Lahm/Schweinsteiger/Kroos com Ozil e Gotze aberto pelos flancos e Müller como referência.

 Nas quartas, finalmente Low atendeu os pedidos da imprensa alemã: Lahm voltava para a lateral direita. A nova dupla de zaga seria formada por Boateng e Hummels. No meio, Schweinsteiger assumia com astúcia a missão de ser regista alemão. Khedira, novamente titular, ficava adiantado ao lado de Kross como armador. Klose, titular pela primeira vez, ficou com referência de ataque, deixando Thomas Müller sacrificado pela ponta direita. Completando o ataque, Özil atuou como ponteiro esquerdo. Contra o Brasil deveremos ver a Alemanha com essa formação. A dúvida esta no ataque: Klose ou Götze??