quinta-feira, 10 de julho de 2014

A CRONOLOGIA TÁTICA DA ARGENTINA: ES EL EQUIPO DE SABELLA!

A Argentina está na final e deve muito a seu treinador. Diferente de Scolari, Alejandro Sabella nunca se conformou com o irregular rendimento de seus comandados. Com as lesões e o pouco funcional 4-3-1-2 -  esquema fetiche durante as eliminatórias - Sabella  foi encontrando o equilíbrio passo a passo, sempre com variação tática e leitura correta dos rivais. Contra a Bósnia, Pachorra surpreendeu a todos com um 3-5-2 pouco usual em seu ciclo. Campagnaro e Garay como stoppers e Federico Fernandez como líbero, constituíam o tripé defensivo. O esquema não funcionou. Com um meio campo despovoado, a seleção albiceleste teve pouca posse de bola, abusando da ligação direta com Mascherano. No segundo tempo, Sabella desfez o erro estratégico, posicionando a Argentina no 4-3-1-2 com os ingressos de Gago e Higuaín. O volante do Boca Juniors trouxe mais cadência ao time, ao passo que Messi, mais próximo do gol adversário e com Higuaín como sócio, anotou um gol ao seu estilo para fechar a primeira vitória.

Para o duelo frente aos iranianos, Sabella decidiu manter o esquema padrão com Messi como enlace para municiar Higuaín e Agüero. Eis que, o ferrolho iraniano de Carlos Queiroz e a pouca mobilidade do ataque fez com que a Argentina não encontrasse o caminho em Belo Horizonte. Outra vez, a seleção albiceleste deixava uma pobre imagem, apesar da genialidade de Messi que garantiu a vitória com um golaço agônico. Contra a Nigéria, o 4-3-1-2 seguiu em voga. Porém, os graves defeitos defensivos ligaram o sinal de alerta para Sabella. Era preciso mudar algumas peças e criar alternativas para dar mais solidez a um time excessivamente ofensivo. A lesão de Kun Agüero foi um convite para Sabella  posicionar uma nova seleção argentina.

3 vitórias, muito questionamentos por parte da impressa e alguns pontos de interrogação marcavam a trajetória na primeira fase. Com este cenário chegava a Argentina para encarar a Suíça pelas oitavas. Com a lesão de  Kun Agüero e a suspensão de Marcos Rojo, Sabella decidiu armar um 4-2-3-1 inédito. José Basanta, de maior pode defensivo foi escalado na lateral esquerda. No meio de campo, Biglia ganhou o lugar de Gago, formando ao lado de Mascherano, uma dupla de volantes de muito coração para recuperar a posse de bola. Na linha de armadores, Di Maria foi para a ponta direita, com Lavezzi pelo lado oposto. Messi, ficava centralizado, com Higuaín isolado no comando do ataque. Jogo duríssimo, nervoso, definido na prorrogação com uma roubada de bola de Palácio em campo rival e uma nova genialidade de Messi para servir Di Maria. O posicionamento do meia do Real Madrid, invertido por Sabella, acabou sendo decisivo.
Contra a Bélgica, com muita coragem e convicção, Sabella decidiu novamente mudar o esquema. Pachorra postava a Argentina no 4-4-1-1 como nos seus tempos de Estudiantes. A estratégia era dar a bola para os belgas e explorar os contra-ataques pelos flancos com Lavezzi e Di Maria. O gol de Higuaín ajudou a fomentar essa ideia. Com a lesão de Di Maria, Enzo Perez assumiu o posto pelo lado esquerdo da segunda linha argentina. Com personalidade e muito sacrifico, o ex- Estudiantes soube suprir a ausência de Di Maria. Na zaga, Sabella decidiu colocar Martin Demichelis no lugar do inseguro Federico Fernandez. O zagueiro campeão inglês com o Manchester City se ajustou perfeitamente, formando uma dupla de zaga segura ao lado de Ezequiel Garay. No final do jogo um pouco de sofrimento, graças ao recuo em demasia do selecionado argentino. Por fim, após 24 anos, a Argentina voltava merecidamente a uma semifinal de Mundial.

Na semifinal contra os holandeses, Sabella manteve o 4-4-1-1 com Enzo Perez e Lavezzi pelos lados, rivalizando contra os alas laranjas, Dirk Kuyt e Daley Blind. Messi à frente da segunda linha argentina se aproximava de Higuaín, custodiando a principio por De Jong, e posteriormente pelo implacável Classie. No entanto, o destaque argentino em São Paulo esteve no sistema defensivo. Mascherano e Biglia fizeram uma partida sensacional, anulando Sneijder e Wiljnaudum. Rojo, de grande mundial, novamente fez uma partida segura, marcando bem os avanços de Robben. Garay e Demichelis demonstraram outra vez o acerto de Sabella, que bancou a dupla de zaga com muita coragem. Van Persie foi figura nula, graças ao rendimento 5 estrelas dos zagueiros argentinos. Nos pênaltis apareceu a figura de Chiquito Romero. De questionado a herói, o ex-arqueiro do Racing faz um grande mundial, aportando segurança ao time.
Para a final, cogita-se a volta de Di Maria. A priori Enzo Perez deve seguir no time. O meia provou que pode muito bem jogar essa final na marcação de Lahm, em um duelo onde a Argentina sabe que será difícil ter o domínio do meio de campo. Sabella deve manter o esquema 4-4-1-1. Messi terá um duelo chave contra Schweinsteiger. Biglia e Mascherano terão que fazer uma partida perfeita para frear Khedira e Krosso, ao passo que Rojo e Zabaleta ficam com a dura missão de custodiar Özil e Thomas Müller. O ponto a ser explorado pela a Argentina é pela débil marcação germânica pelos lados do campo, principalmente pensando num suposto lampejo de Lavezzi sob a marcação de Howedes. Se o tri vier, Sabella será consagrado por ter a coragem e a convicção de mudar nomes, esquemas e estratégia durante a Copa do Mundo. Por essas e outras a torcida argentina já ensaia o hit: "de la mano de Sabella todos la vuelta vamos a dar"

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