segunda-feira, 19 de maio de 2014

ES EL EQUIPO DE RAMON

"Borom Bom Bom Borom Bom Bom es el equipo de Ramon", os gritos oriundos das arquibancadas do Monumental de Nuñez clamavam pelo retorno de Ramon Diaz. A trigésima quinta estrela do clube de Nuñez, conquistada neste domingo com a sonora goleada frente ao Quilmes, se deve muito ao ótimo trabalho de Ramon Diaz. O treinador mais vencedor da história do River Plate - conquistou 6 campeonatos nacionais,  a Libertadores de 96 e a Supercopa de 97 - era a ultima esperança de resgatar a identidade vencedora de um clube humilhado pelo rebaixamento, administrações fraudulentas e vida politica conturbada.

Ramon Diaz, assume em Novembro de 2012 ainda sob a administração pífia de Daniel Passarella - seu ex- companheiro no exitoso River dos anos 80. Não por acaso, o River seguiu seu caminho de seca, apesar do vice-campeonato no Torneio Final de 2013, atrás do Newell's de Martino.
 
Para 2014, sem dinheiro e sem rancor, Ramon Diaz decide apostar na base e bancar jogadores contestados. O único pedido de Ramon era um centroavante que acompanhasse Teófilo Gutierrez no ataque. Foi então, que chegou Fernando Cavenaghi, goleador do último titulo do River sob administração de Ramon Diaz - O Clausura 2002 - chegava para solucionar a falta de gols.

A eleição de Rodolfo D'Onofrio trouxe um pouco de paz, e assim,  passo a passo, Ramon Diaz foi orquestrado o time campeão. Nas primeiras rodada, a ideia era jogar com linha de 3 defensores: Eder Alvarez Balanta a esquerda, Gabriel Mercado pela direita e Jonathan Maidana como líbero. O intuito era dar liberdade para que Leonel Vangioni - lateral esquerdo de pura vocação ofensiva - atuasse como ala. Na direita, o colombiano Carlos Carbonero desbordava pela ala direita com total liberdade, sempre com a cobertura de Mercado. Manuel Lanzini e Teófilo Gutierrez compartiam a função de enlace, municiando Fernando Cavenaghi

 O esquema 3-4-2-1 durou quatro rodadas. Duas derrotas seguidas - 1x2 contra o Godoy Cruz e um categórico 1x3 contra o Colón em Santa Fé - decretaram a volta do esquema fetiche de Ramon Diaz, o 4-3-1-2 .  A linha defensiva voltava a ser formada com Gabriel Mercado - convocado para a lista 30 jogadores de Sabella -  Maidana, Balanta e Vangioni. A dupla de volantes também foi alterada: Leo Ponzio e Matias Kranevitter davam lugar a Ariel Rojas e Cristian Ledesma. Manuel Lanzini voltava a posição de enganche, deixando Teófilo Gutierrez e Cavenaghi mais fixos entre os defensores rivais. Com esta formação o River foi orquestrando o título.

As vitorias frente ao San Lorenzo por 1 a 0, além da histórica vitória por 2 a 1 no superclássico, trouxeram de volta a confiança. O rumo do título estava traçado. Foram 11 vitórias, 4 empates e 4 derrotas. 28 gols marcados, o segundo melhor ataque do campeonato, atrás apenas do Velez Sarsfield. Fernando Cavanaghi, Teo Gutierrez e Carbonero anotaram 20 dos 28 gols millonarios.

A defesa sofreu 15 gols. Destaque para Leandro Chichozola, goleiro reserva, que ingressou graças a lesão de Marcelo Barovero, fechando o gol em La Plata contra o Estudiantes, além de defender um pênalti na antepenúltima rodada no clássico frente ao Racing que encaminhou a conquista.
 
Ledesma e Cavenaghi são duas peças de confiança de Ramon Diaz; os veteranos ídolos millonarios  fizeram parte do ultimo título "del "pelado" dirigindo o River Plate. O campeão do Clausura de 2002 era um time vistoso, com um meio campo de luxo, honrando a tradição millonaria do toco y me voy. 

Taticamente, havia muita semelhança com o time atual. Linha de 4 defensores com um lateral de maior projeção ofensiva - hoje Vangioni, em 2002 Cristian Zapata - e outro lateral mais preso a linha defensiva - Hoje Gabriel Mercado, em 2002 Ariel "el chino" Garce. O time de 2002 jogava com um losango de meio campo altamente técnico: um jovem Lobo Ledesma como primeiro volante, Esteban Cambiasso e Eduardo Coudet pelos flancos e Andres D'alessandro como enganche. No ataque, assim na equipe atual, Ramon Diaz escalava um atacante mais fixo, no caso Fernando "el torito" Cavenaghi, ao passo que o craque Ariel Ortega jogava como segundo atacante, flutuando as costas dos volantes rivais.

Na sua maior conquista como treinador - a Libertadores de 1996 -  Ramon Diaz usou o mesmo 4-3-1-2. O time campeão da América contava com Burgos no gol; Hernan Diaz como lateral direito, Altamirano mais preso como lateral esquerdo, além da dupla de zaga formada por Celso Ayala e Rivarola; Matias Almeyda era o primeiro volante daquela equipe, dando sustentação a um time ultra-ofensivo. Cedres e Escudeiro caiam pelos flancos, enquanto um jovem e insinuante Ariel Ortega, nos brindava todo seu talento como enganche. A dupla de ataque contava com o craque uruguaio Enzo Francescoli e o herói do título, Hernan Crespo, autor dos dois gols na decisão frente ao América de Cali. No banco, Ramon Diaz ainda contava com os jovens Juan Pablo Sorin e Marcelo Gallardo, simbolizando mais três temporadas de pura hegemonia riverplatense em âmbito nacional.